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Ultimamente tenho andado com a vista cansada. Deve ser das lunetas...
O alargamento dos prazos de pagamento de Portugal [e Irlanda] (re)negociados ontem na reunião do eurogrupo insere-se no princípio de igualdade de tratamento entre os diversos estados membros-como referiu há tempos atrás o presidente cessante do eurogrupo Jean-Claude Junker.
Alguns pormenores a ter em conta, em especial para os leigos que já ouviram o chavões reestruturação e/ou renegociação [da dívida]:
Bom, agora que já estamos prestes a regressar aos mercados talvez não fosse má ideia ponderar seriamente fazer um "corte de cabelo".
Miguel Sousa Tavares afirma que até as sondagens dariam a vitória ao Pato Donald. Acho que seria preferível o Tio Patinhas? Ele tem a reputação de ser um gestor brilhante, que conta cada cêntimo...
Portugal seria hoje um país bem diferente-para melhor- se em vez de Portugal se chamasse Bratugal e se tivesse deslocalizado, em tempos, a capital de Lisboa para Rio de Janeiro, cidade que fica aproximadamente à mesma longitude de Luanda e Joanesburgo. Tenho dito.
Recentemente li uma notícia onde se refere a criação de um Grupinho de estudo para a causa do abandono no ensino superior. Na notícia aparece ainda a referência a um possível aumento das propinas para 1066 euros anuais. Para este grupo de estudo a ser formado eu proponho as seguintes tarefas de forma a que o seu trabalho seja o mais eficiente possível:
1º Reuniões matinais para jogo da sueca
2º Palestras semanais com temas tão diversos como a malária no século XV e os saldos na Primark
3º Visita ao cinema com pipoca incluida.
No final da visita ao cinema o grupo terá todas as respostas. Eu digo isto porque também eu criei uma comissão de investigação para este tema do ensino superior. Nos jogos matinais da sueca reparei que a maior parte dos colegas eram estudantes que não tendo como pagar as propinas decidiram apostar o dinheiro em jogo do bingo, ao mesmo tempo jogo de sueca, estes não se sentiam muito à vontade em contrair empréstimos bancários para um investimento na educação quando o retorno dado pelo mercado se traduz em desemprego e emigração. Nas palestras de fim de semana nos centros de saúde podem interagir com as dezenas de enfermeiros que se encontram no desemprego ou a recibos verdes a ganhar o mesmo que um part time na fnac. Se visitarem os cinemas vão reparar que os empregados da lusomundo são licenciados a ganhar o salário mínimo.
Acho que estes pontos são suficientes para concluir a investigação com summa cum laude...
Este era o equipamento que a organização da conferência dedicada à Reforma do Estado quis fornecer aos jornalistas, mas segundo consta, o material encomendado encontra-se esgotado na China.
Os bancos ficam insolventes a partir do momento que deixam de ter a quem emprestar dinheiro. Um estado fica insolvente a partir do momento que deixa de ter dinheiro para pagar as suas dívidas.
É neste ciclo vicioso que nos encontramos desde a crise dos Subprimes (2006), onde houve uma insolvência de instituições de crédito nos Estados Unidos que concediam créditos associados a hipotecas de alto risco, arrastando vários bancos para uma situação de falência entre os quais o Lehman Brothers em Setembro 2008. Na semana passada, o banco Franco-Belga Dexia esteve quase a seguir as mesmas pisadas do Lehman Brothers.
Para fazer face à insolvência dos bancos, vários estados decidiram emprestar dinheiro aos bancos para estes emprestarem mais às pessoas em vez de emprestarem às pessoas para estas pagarem aos bancos. Teoricamente, esta solução adoptada de forma massiva na União Europeia teve o efeito perverso e porquê? Porque a saída da insolvência dos bancos passa essencialmente por encontrar pessoas que possam vir a emprestar dinheiro a outras pessoas, ou seja, cada credor funcionaria como um activo do banco. Desta forma cada pessoa teria a possibilidade de reduzir o seu endividamento e de se tornar num futuro credor, em vez de se ter aumentado o seu nível de endividamento do estado.
Mas um estado somos nós, que contribuímos com os nossos impostos, deveres e obrigações cívicas. E dado estarmo-nos a aproximar de um abismo onde nem bancos nem estado têm dinheiro para funcionar, vai ser preciso o nosso contributo cívico para se resolver o problema. E como podemos contribuir? Diria que de várias formas, entre as quais com a não fuga aos depósitos nos nossos bancos, mesmo que eles já não confiem em nós. Caso contrário, estes vir-se-ão obrigados a fechar, ficando com o pouco que ainda nos resta.
Costuma-se dizer que dinheiro apenas gera dinheiro. No entanto o conhecimento pode gerar para além de dinheiro, inovação e mais conhecimento. É em situações de crise em que os activos dos bancos escasseiam, que os activos das pessoas deverão ser usados como créditos: Estes activos são as nossas ideias e valores. Só elas permitirão o nosso estado e os nossos bancos saiam da insolvência.
Escrito em Outubro 2011. publicado aqui.
(continua...)
Imagem retirada daqui.
Suponhamos que somos gerentes de um estabelecimento comercial que tem uma dívida de 43800 euros aos vários fornecedores. Descontando as despesas que temos mensalmente com os nossos funcionários, assumamos que o lucro anual ronda os 36500 euros.
Como estamos empenhados em cumprir com os nossos compromissos, de forma a garantir que os nossos fornecedores nos continuem a fornecer, decidimos pagar parte da dívida anexada aos lucros diários, dando uma média de 100 euros de lucro/dia para abater aos 120 euros/dia em dívida. Isto é, a dívida que temos com os nossos fornecedores é cerca de 120% do lucro que produzimos, isto é, mesmo cumprindo com os fornecedores, ficamos com 7300 euros de dívida a juntar à dívida que vamos pagar durante o próximo ano.
Assumindo que no próximo ano, os nossos lucros se manterão constantes, teremos de abater uma dívida de 51100 euros (43800 deste ano + 7300 euros em dívida do ano transacto) face aos 36500 euros de lucro, teremos de pagar aos nossos fornecedores não 120 euros/dia mas 140 euros/dia. Em termos percentuais, a dívida que temos com os nossos fornecedores passará dos 120% para os 140%-40 euros/dia de dívida acumulada.
Para evitar esta espiral de dívida, uma solução que nós, gerentes, faríamos passaria ou por despedir pelo menos um funcionário, ou por reduzir o salário a todos os funcionários do estabelecimento.
E se agora tentássemos transladar a realidade deste [nosso] estabelecimento comercial para a realidade portuguesa, cuja dívida ronda os 120% da riqueza produzida a.k.a PIB? Funcionaria?
Pelos vistos não, pois esta tem sido a política a que os nossos credores nos obrigam desde que aterraram na Portela em Maio 2011.
(continua ...)
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O dinheiro entra por um lado, sai por outro, volta à casa e o Banif é salvo
Acrescento algumas observações à explicação lógica e sucinta de Maria Teixeira Alves em Corta-Fitas:
Em suma, é bom que o Banif "ajude" Portugal a regressar mercados já este ano. Aí sim, poderemos dizer que foi um bom negócio para o estado, que pode continuar a lucrar com as desgraças do Banif-até 2017 (?!)-, à medida que vai baixando a sua dívida pública.
A crise sistémica que os países desenvolvidos atravessam tem uma ordem de complexa muito superior ao que se estima. Não havendo um diagonóstico único que correlacione realidades macro com realidades micro, a perseguição desenfreada à propriedade privada e poupanças sob a forma de aumentos progressivos de impostos tem sido a opção vigente, que ao invés de defender o princípio da equidade, tem resultado em dupla injustiça com tendência a expropriação.
Embora a economia especulativa continue a florescer, ao ponto dos derivados financeiros a nível global, representarem actualmente um risco de incumprimento dez vezes superior ao PIB mundial, os governos optam pelo mais fácil-austeridade fiscal-que se resume à celebre alegoria do “homem do fraque”- uma espécie de fiscal bem vestido [de fraque] que acompanha o “devedor” na sombra, chamando-o à atenção na esperança que o perseguido, pague a dívida por vergonha.
Mais do que nunca, a desregulação dos mercados financeiros a nível global, têm representado uma ameaça urgente e potencialmente irreversível que pode conduzir a um retrocesso civilizacional, à semelhança do que aconteceu durante a idade média. Já várias vozes alertaram para este cenário, entre os quais Barack Obama, Alan Greenspan, Warren Buffet e Myron Scholes. Muito recentemente, vozes como as de George Soros tem demonstrado que o valor dos seguros de dívida por incumprimento a.k.a CDS (Credit Default Swaps) deixaram de cumprir os objectivos para que foram criados- i.e. o de quantificarem a “saúde financeira” das empresas e países, ao invés de geraram activos [financeiros] tóxicos que visam ao enriquecimento de bancos de investimento em situação de pré-faléncia.
Perante tal cenário de deriva colectiva, sem esperança, confiança e sentido de humanismo, só nos resta uma solução para tentar evitar o colapso eminente. Esta passa por equilibrar o lado racional com o lado emocional como forma de combater uma civilização tablóide emergente, orquestrada pelas trompetas dos mercados financeiros e das agências de rating.
Como diria Patrick Viveret ”razão instrumental sem inteligência emocional pode levar-nos facilmente a cometer a pior das barbaridades” (cf. Por uma sobriedade feliz, Quarteto 2012, 41).
Em tempos econômicos difíceis é importante garantir que a equidade fiscal deve efectuar-se pelo melhor. Há também a necessidade de moderação, seguindo o exemplo dos líderes. Por esta razão, os ministros cortar os salários dos seus próprios há um ano, a 5%. É bom que o Presidente da República, pelo exemplo de gestão associados a mesma cadeia de Niinisto, retornando o antecessor do seu Presidente Halonen, o nível do prémio. Espero que os líderes de negócios, seguindo o exemplo e reduzir seus salários. Creio, também, os membros dispostos a participar no trabalho. Em vez de gordura, não concordo com a geral. Finlândia não pode ter recursos para baixo- e rendimento médios salários.
Jutta Urpilainen, ministra das finanças Finlandesa (traduzido pelo Bing).
Para que conste para o debate político actual, que tanto cá como lá, o Orçamento de Estado para 2013 não é consensual. No entanto não deixa de ser curioso, ao contrário de cá, de ser o responsável da pasta das finanças a vir levantar a questão da equidade fiscal [nas redes sociais].
Camilo Lourenço. Du bist teil dieser charge von portugiesen, dass, indem er ein auge ist koenig denken. Aber nichts, aber eine perfekte idiot.
Unklar war? Oder sie muessen vom deutschen ins portugiesische uebersetzen, dass Merkel nicht beleidigen des Bundesverfassungsgerichts?
Agora que já soaram as 12 badaladas, e que estamos prestes a pedir os 12 habituais desejos, queria deixar aqui registado uma máxima para este ano, que agora se inicia:
"Não se sintam pressionados a elogiar nem cedam à tentação de simplesmente bajular e criticar. Tentem antes enveredar por aquilo que consideram ser boas acções, criem algo de inovador e empenhem-se naquilo que acreditam, para mais tarde serem reconhecidos e recordados."
NFaust, 31-12-2012.