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Ultimamente tenho andado com a vista cansada. Deve ser das lunetas...
Já que estamos numa de euros, gostaria de explorar os meandros de um caso enigmático. Um estranho dossier, um mistério complexo e sem aparente solução. Refiro-me à moeda. Não à moeda no sentido clássico; mas a moeda em si. A chapa ganha, a chapa gasta, o pequeno dinheiro que tilinta no bolso quando encontra companhia. Gostaria de saber porque razão o cidadão Português tem uma estranha relação com as moedas? Ou não as tem, ou não as deseja dar de mão beijada. Basta tentar pagar uma bica no café da manhã com uma nota de dez euros e o empregado dispara logo: não arranja uns trocos para facilitar? (facilitar o quê?) O mesmo acontece com o taxista que roda a chave para a primeira corrida do dia e não se equipa com munição adequada, e chegando ao destino nem sequer profere um vocábulo de jeito. Dá um grunhido porque o cliente estendeu a nota. É certo que não existe um dispensador em cada esquina, um multibanco-moeda, mas isso não serve de desculpa. Os comerciantes que preparem o dia seguinte de um modo adequado. Assaltem o mealheiro ou a caixinha de esmolas como se de um banco privado se tratasse. Um BPN dos pequeninos. E depois, ainda há um outro aspecto perverso. Paga-se a sande (gosto da palavra sande...parece que foi mordiscada no fim!) com uma nota de vinte e a outra empregada é mesmo mesquinha. Tem um prazer torcido em despejar uma quantidade invejável de moedas sobre o balcão de vidro e remata: desculpe, vai ter de ser tudo em moedas (pelo menos uma dezena de 10 cêntimos e muitas das outras!) Porém, ainda há outras dimensões que merecem ser interpretadas. O desapego nacional em relação à moedinha pode ter a ver com esse defeito nacional de querer ganhar tudo de uma vez. Será uma espécie de síndrome de Tio Patinhas ao contrário? Não entendo. Talvez pergunte ao próximo arrumador de carros que encontrar. Dos antigos. Porque alguns dos mais novos só aceitam notas.