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Ultimamente tenho andado com a vista cansada. Deve ser das lunetas...
Suponhamos que a Alemanha é a mercearia do seu bairro (Entenda-se por zona euro). Quando a mercearia abriu (em 2002, quando começou a circular o euro), esta limitou que os clientes do bairro (os PIIGS) apenas se pudessem endividar até 60% daquilo que ganhavam.
A uma determinada altura, a mercearia pensou em expandir o seu negócio, pois queria competir, em termos de vendas (entenda-se exportações) com as grandes superfícies (entenda-se China, Estados Unidos e afins).
Para isso permitiu que os clientes do Bairro se continuassem a endividar-se ano após ano, a solução que arranjou para manter a sua mercearia aberta, passou por pagar do seu bolso aquilo que os seus clientes consumiam.
Ao fim de 6 anos (entenda-se falência do Lehman Brothers), chegou uma hipoteca das finanças (entenda-se violação dos limites de endividamento impostos pelos tratados de adesão) que começaram a por em causa a sustentabilidade da mercearia. Como a mercearia deixou de ter liquidez, então o merceeiro (entenda-se, o governo alemão) começou a tentar cobrar cliente a cliente (entenda-se a grécia, irlanda, portugal, espanha, itália-PIIGS) aquilo que lhe deviam.
Mas os limites de endividamento dos clientes (na ordem dos 120% do PIB) não lhe permitem liquidar a dívida e ao mesmo tempo continuar a fazer compras como faziam até aqui, o que fez com a mercearia ao fim de 3 anos começasse a perder receitas.
Foi mais ou menos assim que a "Crise chegou à economia alemã". É o que dá quando uma mercearia de bairro quer competir com grandes superfícies.