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Ultimamente tenho andado com a vista cansada. Deve ser das lunetas...
Abriu a época de caça em Portugal. Um festim para canibais, o fogo cruzado entre parentes de um mesmo destino. Insultos que nada subtraem, louvores que pouco acrescentam. O cheiro de palavras anda no ar. Sinais de um fumo exausto, que não sai de cena, da ante-câmara. Enquanto uns são criticados por enunciar, outros são escorraçados por nos fazer rir. Uns são censurados por não marchar e outros por prometerem silêncio - a constrição que acompanha o juramento de uma bandeira rasgada. Quero ver Portugal erguer-se em torno da acção. Mostrar a sua valia, ignorando o ruído que acompanha a encenação. Estou triste por ver Portugal neste estado. Estou angustiado por ver Portugal neste Estado. Para não destruirmos o pouco que resta, faço votos de apenas considerar o excepcional, a obra feita e a que falta realizar. As sobras convertidas em salvo conduto. A passagem para uma margem superior, positiva. Não nos deixemos engolir por esse vórtice, o abismo que nos faz desconfiar de tudo e todos. Que não cheguemos à oração, prostrados - o inimigo não merece essa consideração.