Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ultimamente tenho andado com a vista cansada. Deve ser das lunetas...
Portugal sempre foi um país de treinadores de bancada e de profetas da desgraça. Não era preciso sê-lo para adivinhar o que vinha aí!
O desastre orçamental com que Portugal está actualmente confrontado mostra que as previsões do Banco de Portugal foram as únicas que estiveram sempre em linha com a execução orçamental.
Os posts abaixo foram escrito por mim há um punhado de meses atrás. Só falta mesmo colocar em cima da mesa a questão da renegociação da dívida como forma de evitar um eventual colapso.
(...)No próximo ano será Itália que fará a Europa mexer. Ninguém sabe ainda o que fazer, tendo na mira um eventual regresso de Berlusconi e tendo um Monti que, embora enfraquecido, persiste em levar avante uma agenda austera e reformista. A janela que o liberalismo entreabriu no século XIX para a fomentação da democracia através do exercício parlamentar pode, em pleno século XXI, voltar a fechar-se caso os juízes alinhados politicamente ou dissidentes, usem o tribunal constitucional como panteão da democracia.
(...)
em 2012-O Caleidoscópio da Crise.
(...) é bem provável que a redução no investimento por parte dos privados durante o próximo ano assim como outras componentes da despesa agregada anexadas à flutuação das taxas de juro-consequência directa da dívida pública se situar na casa dos 120%- conduzam ao tsunami que advém do 'credit crunch'-o 'crowding-out'.
em O segredo que não passa de uma mera constatação.
(...)
Por mais que Álvaro Santos Pereira e Assunção Cristas tentem vender que este Orçamento de Estado tem medidas que visam ao potenciar do crescimento económico e ao estimular do empreendedorismo em áreas como a economia e a agricultura, uma coisa ficou clara para aqueles que já tiveram oportunidade de ler as linhas gerais do Orçamento de Estado para 2013. Quem vai pagar os devaneios de Santos Pereira, Cristas e dos restantes ministros [empenhados em fazer obra] não é o investimento replicativo. São os contribuintes.
(...)
(...)
Tal como Portas [e Gaspar], acredito que dentro de um ano teremos a balança comercial equilibrada. No entanto, a tendência de queda acentuada do poder de compra a nível interno, irá fazer disparar as falências e o desemprego. Por conseguinte, a diminuição do número de trabalhadores a descontar irá aumentar as despesas com a segurança social. Logo, a probabilidade de não cumprirmos com as metas do défice em 2013 é bastante elevada. Em termos gerais, esta é uma das conclusões que se pode retirar após ler o Global Outlook para o quarto trimestre do banco [francês] BNP Paribas.(...)
(...)
Houve um deslumbramento inicial da blogosfera pela troika e pelas promessas [incipientes] deste [novo] governo- o governo falava e os bloggers ouviam e reproduziam mimeticamente a mensagam, sem vacilar. Demorou algum tempo até que a blogosfera reagisse, ao questionar a eficiência das medidas de austeridade. No entanto, com o agravar da crise e com a percepção do cenário global da crise do euro, as opiniões mais antagónicas de alguns bloggers começaram a fazer sentido e a passar, opiniões essas que começam a influenciar os restantes bloggers, da esquerda à direita. (...)
Chegados ao final do ano civil, há que fazer um pequeno balanço sobre a crise do euro-só para não lhe chamar algo pior.
Findado que está este ano, penso que estaremos todos de acordo num ponto fulcral. Governantes e políticos, da direita à esquerda, comentadores e até economistas encartados, recorrem às decisões do tribunal constitucional para suportar ou para criticar as decisões fracturantes dos governos em exercício de funções. Foi assim em Portugal, quando o tribunal constitucional chumbou categoricamente a suspensão dos subsídios de férias; foi assim há dias quando o tribunal constitucional chumbou a taxação de impostos aos mais ricos. Na Alemanha, embora Merkel tenha sido no último ano implacável e irredutível na gestão da crise do euro, não ousou em desafiar o tribunal constitucional alemão. Aliás, só avançou para a criação do fundo de resgate a nível europeu a.k.a. FEEF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira) após a aprovação por parte do tribunal constitucional [alemão].
Embora a Europa viva actualmente um clima de aperto, onde os cidadãos europeus começam a reagir aos poucos, como um todo orgânico-ao ponto de se começarem a interessar vivamente pelo que estava a acontecer nos outros seus países-e embora 2012 tenha sido um ano marcado pela governação tecnocrática, as recentes eleições na europa provaram que a democracia, embora debilitada, ainda funciona. Foi assim na França, onde os franceses não perdoaram o facto de Sarko ter cedido aos caprichos de Merkel. Foi assim na Grécia, um país à beira da ingovernabilidade onde coabita um partido nazi em plena ascenção. E foi também assim em Itália, onde Monti-um verdadeiro tecnocrata no verdadeiro sentido da palavra- não conseguindo levar à avante a sua agenda política, acabou por se demitir, após a aprovação do orçamento de estado para 2013.
Deste ano de 2012 que amanhã finda às 12 badaladas, podemos extrair duas lições sucintas:
No próximo ano será Itália que fará a Europa mexer. Ninguém sabe ainda o que fazer, tendo na mira um eventual regresso de Berlusconi e tendo um Monti que, embora enfraquecido, persiste em levar avante uma agenda austera e reformista. A janela que o liberalismo entreabriu no século XIX para a fomentação da democracia através do exercício parlamentar pode, em pleno século XXI, voltar a fechar-se caso os juízes alinhados politicamente ou dissidentes, usem o tribunal constitucional como panteão da democracia.
Para felicidade de alguns mas para a infelicidade de outros, 2013 será seguramente o ano da democracia constitucional. Em Portugal, embora a justiça esteja aparentemente estabilizada, ainda não encontrou as respostas adequadas e céleres para responder à crise da democracia.
Passadas as 3 primeiras horas do dia 22 Dezembro 2012, registe-se que Gangnam Style já atingiu 1 bilião de visualizações no Youtube-tal qual anunciado na profecia de Nostradamus e confirmado pela primeira-ministra Australiana-e a terra continua intacta. A última foto abaixo, cortesia do satélite NOAA GOES 15 da NASA, mostra-nos uma vista panorâmica da Terra a partir do Oceano Pacífico.
Tirando a parte que entrámos no solstício de Inverno, acrescido de um alinhamento da terra (i.e. o alinhamento do centro do cosmos Aeon, que se dá a cada 26000 anos), o "mundo" visto lá de cima continua na mesma. Pelo menos é o que parece!
Imagem retirada do blog oficial do youtube.
Imagem retirada do site da Revista Forbes.
Imagem retirada da conta twitter da Nasa.
If EARTH without ART is EH and REVOLUTION without LOVE is RUTION, I regret an EARTH REVOLUTION without R but with ART on this 12-12-12 day-indeed, the last 12-12-12 of our mayfly lives.
Ao contrário do John [que reside em portugal e tem nacionalidade americana], não sou especialista em questões de política norte-americana, confesso.
Mas mesmo assim vou arriscar fazer um breve comentário, tendo em conta o pouco que tenho ouvido por aí, em particular pela boca do Luís (Amado)-que esteve durante algumas horas a comentar as eleições EUA na RTPN durante o início da noite.
Ora bem: O segundo mandato Obama promete ser um mandato TNT pois, embora a campanha de Obama se tenha baseado muito no já famigerado ObamaCare-Romney já tinha implementado uma ideia semelhante enquanto governador- e na criação de empregos na economia para retirar os EUA da recessão, Obama vai provavelmente ter de fazer um backtracking de 4 anos, voltando a uma das suas promessas não cumpridas-a política energética como o mote para reindustrializar a América.
Não sei se "o melhor ainda está para vir" como disse Obama no seu discurso de vitória-ver aqui na íntegra. Desconfio apenas que, depois das políticas expansionistas levadas a cabo pelo FED-que consistiam em injectar dinheiro directamente na economia- que o próximo passo de Obama passará pelo reequilíbrio as suas contas públicas via austeridade fiscal, como já vem sido levado a cabo na europa. Embora este aspecto não tenha sido contemplado na campanha de Obama, é provável que este seja o caminho.
Ao contrário do Senado, a Câmara dos Representantes é controlada maioritariamente por republicanos. E estes não prometem fazer vida fácil a Obama. Pelo menos nesta primeira fase.
Na imagem: "Four more years", uma das fotos que mais "gostos" de sempre partilhada no Facebook.
No artigo "parar para pensar" publicado [hoje] no Diário Económico, o conselheiro de estado Vítor Bento tentou levantar um pouco mais de poeira em torno das mexidas na TSU (desvalorização fiscal), das quais destaco as seguintes permissas:
"Valia a pena discutir a descida da TSU, sem compensação, ou com uma compensação muito parcial. Isso abriria um buraco orçamental, mas se se acreditar que a acção impulsiona a economia, o seu resultado acabará por tapar o buraco ao fim de algum tempo(...)
É claro que isso precisa de mais financiamento e mais dívida, tornando mais difícil a sustentabilidade financeira. Mas esta também não se consegue com o desemprego a caminho dos 20%"
Quem se andou a divertir a estudar a hipótese de uma eventual desvalorização fiscal-como foi o meu caso-sabe que a única hipótese para compensar a subida da TSU aos trabalhadores, passaria por um aumento gradual do IVA. Esta hipótese é de descartar, pois ao contrário do OE 2012, o OE 2013 não prevê um agravamento do IVA do lado da receita.
Vítor Bento, mesmo sabendo que a dívida pública da República Portuguesa ronda os 120% do PIB, insiste na hipótese de nos endividarmos ainda mais, isto é, aumentarmos ainda mais, em percentagem do PIB, a nossa dívida pública como forma de compensar a descida da TSU às empresas.
Depois de ler o que Vítor Bento escreveu, apetecia-me perguntar-lhe o seguinte:
"Será que o senhor (Vítor Bento) conhece o(s) estudo(s) empírico(s) de Carmen M. Reinhart e Kenneth S. Rogoff , que atestam de forma empírica a máxima "Too Much Debt Means the Economy Can’t Grow"?
Leituras Complementares:
#1 Fiscal devaluation as a cure for Eurozone ills – Could it work?
#2 Um orçamento que não se pode executar