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Ultimamente tenho andado com a vista cansada. Deve ser das lunetas...
I
Anda meio mundo preocupado com as eleições em Itália e a cantar de Grillo. Não vale a pena!
As eleições italianas provaram que a democracia ainda funciona e provou que os políticos italianos, por mais corruptos que sejam, são velhas raposas.
Destas eleições, há apenas 2 observações a reter:
i) Os italianos são pró-europeus mas anti-bruxelas.
ii) O resultado das eleições italianas coloca em causa o processo de integração europeia.
II
Ainda sobre o cantar de Grillo: Portugal já teve os seus Grillo's mas com apelido mais comestível que nos traz à memória fiambre e salsichas enlatadas. Da ascenção meteórica (candidato a PR) à queda (candidato a presidente da AR) foi um instante durou menos de 1 ano.
É assim que devemos olhar para candidatos de protesto sem qualquer substância política e sem consciência social. Se falássemos da ascenção política de líderes como Morales (Bolívia) e Correa (Equador), aí a estória seria outra e teríamos mais que investigar. É com estes líderes de protesto que a Europa deveria aprender.
III
Que me perdoem a minha falta de patriotismo, mas não encontro no cancioneiro Português música tão interventiva, do ponto de vista social, como as músicas da época em que surgiu o movimento tropicalista no Brasil. Qualquer música dos Mutantes mete, em termos de conteúdo, músicas como "Grândola Vila Morena" entre outras a um canto. Falo-vos de riqueza musical e de multiculturalidade.
Ao contrário da música de intervenção em Portugal, sempre ligada ao saudosismo de uma pátria longínqua e utópica e associados aos movimentos de esquerda, com especial incidência a sul do rio tejo e e alentejo, o movimento tropicalista [brasileiro], para além de ser um movimento de protesto usando técnicas análogas ao que os escravos usavam quando desenvolveram a Capoeira, contribuiu-e muito- para a revolução cultural do brasil até aos dias que correm.
Pelo Brasil, Caetano Veloso e Gilberto Gil que lançaram as suas carreiras, em paralelo com a ascenção do movimento tropicalista, ainda produzem. Por cá, os resquícios de Zeca (Zé Mário Branco, Janita Salomé, Vitorino et all ) parecem já estar "embalsamados". Resta-nos, numa esperança saudosista, entoar o seu cancioneiro, até que a garganta nos doa.
Ter começado recentemente a estudar história e os costumes do Brasil dá nestes devaneios psicadélicos.
IV
A par da igreja católica, os relacionamentos também estão em crise, ou talvez, em metamorfose.
Nos tempos que correm, é tão ou mais mais importante assumir um compromisso/matrimónio online numa rede social que assumir propriamente o mesmo perante a igreja, ou até mesmo perante o registo civil.
Esta é a conclusão que retiro dos lembretes e avisos que recebo regularmente na minha conta de Facebook.
Uma prenda de Natal que gostaria de partilhar com todos.
Foi a 5 de Outubro de 1962 que o mundo recebeu no grande ecrã Bond, James Bond e com ele veio a famosa música de John Barry intitulada - para surpresa de todos - James Bond. É simplesmente espectacular!
Parece haver uma tradução musical de tudo o que o personagem Bond transmite nos seus filmes: sofisticação, mistério, sedução e, claro, acção!
Depois deste primeiro tema veio em 63 o From Russia With Love de Matt Monro, em 64 Goldfinger por Shirley Bassey (a minha favorita de todas as que são cantadas), em 65 Tom Jones cantava Thunderball, em 67 surge You Only Live Twice de Nancy Sinatra, até que em 1969 John Barry volta a conceber um tema principal sem vocalista e faz a minha segunda música favorita dos filmes de James Bond: On Her Majesty's Secret Service, uma música que não pode servir de banda sonora a outra profissão que não seja agente secreto; o filme, esse passa completamente ao lado e deve ser o menos memorável de todos.
A década de 70 começa com outra música cantada por Shirley Bassey: Diamonds are Forever (1971). O Beatle Paul McCartney também faz parte da lista de cantores que embelezaram os filmes de Bond com Live and Let Die de 73 e logo no ano seguinte apareceu The Man with the Golden Gun por Lulu...
E é aqui que a coisa descamba... estávamos a chegar aos anos 80, uma década que eu considero maldita na música, as músicas do final de 70 lembram-me o Vitinho e o "Está na hora/da caminha/vamos lá dormiiiir!". A seguir foi Duran Duran, A-ah e uma panóplia de sons típicos dos eighties que até me deixam arrepiado! Foi uma Idade Média (musical) de Bond e parecia que a personagem e a música não estavam sequer relacionados.
Vieram os anos 90 e Tina Turner tirou-nos dessa espiral destrutiva do glamour de 007. Com Goldeneye, voltou a ouvir-se uma voz potente e orquestra e a música voltou a revelar a sofisticação de outros tempos. Mas foi Sol de pouca dura. Depois de Sheryl Crow (Tomorrow Never Dies) e Garbage (The World is Not Enough), ambas inferiores a Goldeneye, eis que surge em 2002 o PIOR TEMA DE SEMPRE de um filme de James Bond: Die Another Day de Madonna. A minha questão é: em que é que os tipos estavam a pensar quando escolheram isto?? Não faz sentido nenhum!!! A partir daqui só podia ser melhor e, embora You Know My Name de Chris Cornell não seja daquelas músicas que eu associo automaticamente aos filmes de Bond, a verdade é que a música encaixa muito bem na história do filme.
Em Quantum of Solace atinge-se mais um mínimo, que me desculpem a Alicia Keys e Jack White (que com toda a certeza estão a ler isto com muita atenção), eu até gosto muito da música Another Way To Die só que seria adequada para a banda sonora de um filme do tipo Triple X ou Velocidade Furiosa com Vin Diesel e não para Bond, James Bond.
Foi preciso aparecer uma cantora como Adele para voltar a sentir que uma música está perfeita para o agente secreto mais famoso de sempre.
Claro que esta é uma opinião e acredito que quem gosta dos anos 80 dê uma volta completa a este texto. Deixem o vosso ranking :D
Já agora, fica uma versão espectacular e invulgar de James Bond: