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Ultimamente tenho andado com a vista cansada. Deve ser das lunetas...
I
Há dias atrás, um grupo de celebridades da nossa plebe lançou o Manifesto pela Democratização do Regime. Embora concorde em grande parte com o que foi escrito no manifesto, discordo totalmente do título adoptado e porquê? Porque problema de Portugal não é falta de democratização mas de perda de soberania. Será que alguns dos signatários que assinou por baixo o manifesto percebeu?! Embora possa ser outra história, é talvez a questão chave a ser discutida numa fase em que estamos sob o diktat e a tutela da troika.
II
Mais uma avaliação da troika e mais um desvio colossal nas previsões de Gaspar. O grande erro de Gaspar e de muitos dos economistas com pergaminhos passa por assumir que as economias, para recuperarem, tem de crescem a ritmos rápidos e exponenciais a longo e médio prazo. Esquecem-se porém que os recursos disponíveis para o fazer são finitos.
O exemplo mais actual nesta direcção é a economia chinesa, que experimentou um crescimento exponencial rápido entre 1996-2010. No entanto, de 2010 para cá começou a abrandar progressivamente.
Moral da história: Falar em crescimento é fácil. Difícil é saber como [voltar a] crescer.
III
Todo este novo discurso de pobreza do actual papa é um excelente bálsamo para conduzir um rebanho de pessoas que acreditam que a pobreza é o caminho da fé e da salvação, o que não deixa de ser demagógico. Tendo em conta as linhas geral da ONU sobre os direitos humanos, viver na pobreza deverá ser sempre uma escolha individual e nunca uma imposição de culto como está a tentar passar-se (Snif Snif...) Espero que Francisco não confunda com estas coisas o papel da igreja com o papel dos governos, papel esse que passa por minimizar as desigualdades socio-económicas em termos de renda per capita.
IV
Tenho notado que existe alguma aliteracia financeira em certos comentadores, quando falam de agências de notação financeira e de sustentabilidade da dívida.
Convém esclarecer que quando se fala em sustentabilidade da dívida, o que interessa não é muitas vezes o que se deve mas o que se tem que pagar em termos de seguro de dívida a.k.a Credit Default Swaps. Neste caso, o valor que o estado terá de assegurar caso haja incumprimento.
Só no ano passado, as seguradoras que atuam no mercado português investiram [a descoberto] cerca de 8,7 mil milhões de euros em títulos de dívida pública portuguesa, correspondentes a 67% do total de 13 mil milhões de euros investidos, no total.
E agora, perguntam vocês: "O que isto significa?". Muito simples. Os mercados financeiros estão a apostar que o doente não é capaz de pagar o que pediu emprestado. Por outras palavras, os investidores na eminência do doente morrer da doença, apostam tudo na sua "morte" imediata.
V
Para terminar, um episódio bizarro da política regional dos dos estados unidos no seu melhor:
"Ed Orcutt, senador do estado de Washington, defendeu que andar de bicicleta provoca mais dano no ambiente do que circular de automóvel. Razão? Com o aumento do ritmo cardíaco, há mais emissão de dióxido de carbono. Entretanto, Ed arrependeu-se do argumento usado para sustentar a sua teoria. "
A propósito do Fiscal Cliff, e das dificuldades de entendimento entre Republicanos e Democratas, este tema parece ser adequado.
Basta ver o mapa que se encontra no Jornal Público aqui, o racismo ainda está latente no Povo Sulista Americano basta ver que Romney ganhou em todos os estados "confederados" da Guerra Civil Americana com mais de 50%
Ao contrário do John [que reside em portugal e tem nacionalidade americana], não sou especialista em questões de política norte-americana, confesso.
Mas mesmo assim vou arriscar fazer um breve comentário, tendo em conta o pouco que tenho ouvido por aí, em particular pela boca do Luís (Amado)-que esteve durante algumas horas a comentar as eleições EUA na RTPN durante o início da noite.
Ora bem: O segundo mandato Obama promete ser um mandato TNT pois, embora a campanha de Obama se tenha baseado muito no já famigerado ObamaCare-Romney já tinha implementado uma ideia semelhante enquanto governador- e na criação de empregos na economia para retirar os EUA da recessão, Obama vai provavelmente ter de fazer um backtracking de 4 anos, voltando a uma das suas promessas não cumpridas-a política energética como o mote para reindustrializar a América.
Não sei se "o melhor ainda está para vir" como disse Obama no seu discurso de vitória-ver aqui na íntegra. Desconfio apenas que, depois das políticas expansionistas levadas a cabo pelo FED-que consistiam em injectar dinheiro directamente na economia- que o próximo passo de Obama passará pelo reequilíbrio as suas contas públicas via austeridade fiscal, como já vem sido levado a cabo na europa. Embora este aspecto não tenha sido contemplado na campanha de Obama, é provável que este seja o caminho.
Ao contrário do Senado, a Câmara dos Representantes é controlada maioritariamente por republicanos. E estes não prometem fazer vida fácil a Obama. Pelo menos nesta primeira fase.
Na imagem: "Four more years", uma das fotos que mais "gostos" de sempre partilhada no Facebook.