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Ultimamente tenho andado com a vista cansada. Deve ser das lunetas...
A boa notícia que posso dar é que os alertas de Rogoff assim como os alertas do Clube de Roma (desaparecimento de 5 biliões de habitantes do planeta terra em 2030) estão [quase] certas. A má notícia é que, para resolvermos grande parte da crise global, vamos ter de voltar aos bancos de escola para estudar ecologia e termodinâmica. E se me permitem, teremos de voltar a estudar autores como Charles Darwin e Karl Marx (que ao contrário do que a história veio profanar, em nada tem a ver com o Estalinismo).
Para os eventuais interessados, informo que disponibilizarei os slides (em formato PDF) da minha palestra para consulta assim que o evento seja noticiado pela imprensa regional de Alcobaça/Nazaré na próxima 5ª feira.
I
Há dias atrás, um grupo de celebridades da nossa plebe lançou o Manifesto pela Democratização do Regime. Embora concorde em grande parte com o que foi escrito no manifesto, discordo totalmente do título adoptado e porquê? Porque problema de Portugal não é falta de democratização mas de perda de soberania. Será que alguns dos signatários que assinou por baixo o manifesto percebeu?! Embora possa ser outra história, é talvez a questão chave a ser discutida numa fase em que estamos sob o diktat e a tutela da troika.
II
Mais uma avaliação da troika e mais um desvio colossal nas previsões de Gaspar. O grande erro de Gaspar e de muitos dos economistas com pergaminhos passa por assumir que as economias, para recuperarem, tem de crescem a ritmos rápidos e exponenciais a longo e médio prazo. Esquecem-se porém que os recursos disponíveis para o fazer são finitos.
O exemplo mais actual nesta direcção é a economia chinesa, que experimentou um crescimento exponencial rápido entre 1996-2010. No entanto, de 2010 para cá começou a abrandar progressivamente.
Moral da história: Falar em crescimento é fácil. Difícil é saber como [voltar a] crescer.
III
Todo este novo discurso de pobreza do actual papa é um excelente bálsamo para conduzir um rebanho de pessoas que acreditam que a pobreza é o caminho da fé e da salvação, o que não deixa de ser demagógico. Tendo em conta as linhas geral da ONU sobre os direitos humanos, viver na pobreza deverá ser sempre uma escolha individual e nunca uma imposição de culto como está a tentar passar-se (Snif Snif...) Espero que Francisco não confunda com estas coisas o papel da igreja com o papel dos governos, papel esse que passa por minimizar as desigualdades socio-económicas em termos de renda per capita.
IV
Tenho notado que existe alguma aliteracia financeira em certos comentadores, quando falam de agências de notação financeira e de sustentabilidade da dívida.
Convém esclarecer que quando se fala em sustentabilidade da dívida, o que interessa não é muitas vezes o que se deve mas o que se tem que pagar em termos de seguro de dívida a.k.a Credit Default Swaps. Neste caso, o valor que o estado terá de assegurar caso haja incumprimento.
Só no ano passado, as seguradoras que atuam no mercado português investiram [a descoberto] cerca de 8,7 mil milhões de euros em títulos de dívida pública portuguesa, correspondentes a 67% do total de 13 mil milhões de euros investidos, no total.
E agora, perguntam vocês: "O que isto significa?". Muito simples. Os mercados financeiros estão a apostar que o doente não é capaz de pagar o que pediu emprestado. Por outras palavras, os investidores na eminência do doente morrer da doença, apostam tudo na sua "morte" imediata.
V
Para terminar, um episódio bizarro da política regional dos dos estados unidos no seu melhor:
"Ed Orcutt, senador do estado de Washington, defendeu que andar de bicicleta provoca mais dano no ambiente do que circular de automóvel. Razão? Com o aumento do ritmo cardíaco, há mais emissão de dióxido de carbono. Entretanto, Ed arrependeu-se do argumento usado para sustentar a sua teoria. "
Não fui à manifestação #2M, não por ser contra este tipo de MANIFS mas por motivos profissionais, ou melhor, por ter de adiantar trabalho. Manifestações espontâneas como a de hoje sempre serão bem-vindas.
Por aquilo que estou a acompanhar, tanto na TV como nas redes sociais, ficou hoje claro -assim como ficou claro com as eleições italianas-que as pessoas estão "saturadas disto"!
O que mais me impressiona neste tipo de manifestações não é ver jovens sem consciência social a manifestar-se ou a traulitar mal um refrão. O que impressiona é ver pessoas da idade dos meus pais e avós em situação de pré-rotura social. Gente sem casa e casa sem gente é o cenário que se avizinha caso não haja uma viragem em rumo ao precipício.
Tirando a parte do aproveitamento político que há por parte dos partidos mais à esquerda-o que não é de estranhar, pois eles não assinaram o MoU - dá-me pena ver, os que não foram, criticar e gozar em tom jocoso, com os que foram. Adiante!
Por Eduardo Dantas no seu blog pessoal:
(...)
Em relação à privatização da água, o problema coloca-se mais no envolvimento do sector privado na gestão dos serviços de abastecimento de água, do que na propriedade, por parte do sector privado, de títulos de utilização dos recursos hídricos – que permitem a sua venda – ou envolvimento deste no financiamento de infra-estruturas e serviços. Tem sido a privatização dos serviços de abastecimento de água – com um rol de casos, espalhados pelo mundo, que poucos benefícios trazem para o consumidor final – que mais controvérsia tem gerado. Até 1980 - com excepção da França e de alguns fornecedores privados em Espanha e Grã-Bretanha - o sector da água era detido e gerido por entidades públicas. Aliás, ainda hoje, cerca de 70% do europeus bebem água distribuída por operadores públicos ou, maioritariamente, públicos. Ora, com um mercado potencial tão vasto, é compreensível o apetite dos privados.(...)
I
Anda meio mundo preocupado com as eleições em Itália e a cantar de Grillo. Não vale a pena!
As eleições italianas provaram que a democracia ainda funciona e provou que os políticos italianos, por mais corruptos que sejam, são velhas raposas.
Destas eleições, há apenas 2 observações a reter:
i) Os italianos são pró-europeus mas anti-bruxelas.
ii) O resultado das eleições italianas coloca em causa o processo de integração europeia.
II
Ainda sobre o cantar de Grillo: Portugal já teve os seus Grillo's mas com apelido mais comestível que nos traz à memória fiambre e salsichas enlatadas. Da ascenção meteórica (candidato a PR) à queda (candidato a presidente da AR) foi um instante durou menos de 1 ano.
É assim que devemos olhar para candidatos de protesto sem qualquer substância política e sem consciência social. Se falássemos da ascenção política de líderes como Morales (Bolívia) e Correa (Equador), aí a estória seria outra e teríamos mais que investigar. É com estes líderes de protesto que a Europa deveria aprender.
III
Que me perdoem a minha falta de patriotismo, mas não encontro no cancioneiro Português música tão interventiva, do ponto de vista social, como as músicas da época em que surgiu o movimento tropicalista no Brasil. Qualquer música dos Mutantes mete, em termos de conteúdo, músicas como "Grândola Vila Morena" entre outras a um canto. Falo-vos de riqueza musical e de multiculturalidade.
Ao contrário da música de intervenção em Portugal, sempre ligada ao saudosismo de uma pátria longínqua e utópica e associados aos movimentos de esquerda, com especial incidência a sul do rio tejo e e alentejo, o movimento tropicalista [brasileiro], para além de ser um movimento de protesto usando técnicas análogas ao que os escravos usavam quando desenvolveram a Capoeira, contribuiu-e muito- para a revolução cultural do brasil até aos dias que correm.
Pelo Brasil, Caetano Veloso e Gilberto Gil que lançaram as suas carreiras, em paralelo com a ascenção do movimento tropicalista, ainda produzem. Por cá, os resquícios de Zeca (Zé Mário Branco, Janita Salomé, Vitorino et all ) parecem já estar "embalsamados". Resta-nos, numa esperança saudosista, entoar o seu cancioneiro, até que a garganta nos doa.
Ter começado recentemente a estudar história e os costumes do Brasil dá nestes devaneios psicadélicos.
IV
A par da igreja católica, os relacionamentos também estão em crise, ou talvez, em metamorfose.
Nos tempos que correm, é tão ou mais mais importante assumir um compromisso/matrimónio online numa rede social que assumir propriamente o mesmo perante a igreja, ou até mesmo perante o registo civil.
Esta é a conclusão que retiro dos lembretes e avisos que recebo regularmente na minha conta de Facebook.
Portugal sempre foi um país de treinadores de bancada e de profetas da desgraça. Não era preciso sê-lo para adivinhar o que vinha aí!
O desastre orçamental com que Portugal está actualmente confrontado mostra que as previsões do Banco de Portugal foram as únicas que estiveram sempre em linha com a execução orçamental.
Os posts abaixo foram escrito por mim há um punhado de meses atrás. Só falta mesmo colocar em cima da mesa a questão da renegociação da dívida como forma de evitar um eventual colapso.
(...)No próximo ano será Itália que fará a Europa mexer. Ninguém sabe ainda o que fazer, tendo na mira um eventual regresso de Berlusconi e tendo um Monti que, embora enfraquecido, persiste em levar avante uma agenda austera e reformista. A janela que o liberalismo entreabriu no século XIX para a fomentação da democracia através do exercício parlamentar pode, em pleno século XXI, voltar a fechar-se caso os juízes alinhados politicamente ou dissidentes, usem o tribunal constitucional como panteão da democracia.
(...)
em 2012-O Caleidoscópio da Crise.
(...) é bem provável que a redução no investimento por parte dos privados durante o próximo ano assim como outras componentes da despesa agregada anexadas à flutuação das taxas de juro-consequência directa da dívida pública se situar na casa dos 120%- conduzam ao tsunami que advém do 'credit crunch'-o 'crowding-out'.
em O segredo que não passa de uma mera constatação.
(...)
Por mais que Álvaro Santos Pereira e Assunção Cristas tentem vender que este Orçamento de Estado tem medidas que visam ao potenciar do crescimento económico e ao estimular do empreendedorismo em áreas como a economia e a agricultura, uma coisa ficou clara para aqueles que já tiveram oportunidade de ler as linhas gerais do Orçamento de Estado para 2013. Quem vai pagar os devaneios de Santos Pereira, Cristas e dos restantes ministros [empenhados em fazer obra] não é o investimento replicativo. São os contribuintes.
(...)
(...)
Tal como Portas [e Gaspar], acredito que dentro de um ano teremos a balança comercial equilibrada. No entanto, a tendência de queda acentuada do poder de compra a nível interno, irá fazer disparar as falências e o desemprego. Por conseguinte, a diminuição do número de trabalhadores a descontar irá aumentar as despesas com a segurança social. Logo, a probabilidade de não cumprirmos com as metas do défice em 2013 é bastante elevada. Em termos gerais, esta é uma das conclusões que se pode retirar após ler o Global Outlook para o quarto trimestre do banco [francês] BNP Paribas.(...)
(...)
Houve um deslumbramento inicial da blogosfera pela troika e pelas promessas [incipientes] deste [novo] governo- o governo falava e os bloggers ouviam e reproduziam mimeticamente a mensagam, sem vacilar. Demorou algum tempo até que a blogosfera reagisse, ao questionar a eficiência das medidas de austeridade. No entanto, com o agravar da crise e com a percepção do cenário global da crise do euro, as opiniões mais antagónicas de alguns bloggers começaram a fazer sentido e a passar, opiniões essas que começam a influenciar os restantes bloggers, da esquerda à direita. (...)
Palavras do Papa no Consistório em que anunciou a resignação Queridíssimos irmãos, Convoquei-vos para este Consistório, não apenas por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de examinar reiteradamente a minha consciência perante Deus, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério de Pedro (petrino). Ler mais em: http://maislusitania.blogspot.pt/2013/02/palavras-do-papa-no-consistorio-em-que.html Para acabar de vez com o equívoco (ou não) da social-democracia e outros mitos Historicamente, a expressão social-democracia tem origem em França, em Fevereiro de 1849. Depois de derrotados na Revolução de 1848, os grupos revolucionários agrupam-se no Partido Democrata-Socialista ou Social-Democrata, sendo esta forma abreviada (social=socialista) a mais comum. Ler mais em: http://www.maislusitania.blogspot.pt/2012/11/para-acabar-de-vez-com-o-equivoco-ou.html Salazar e os actuais políticos pedintes Memórias de um outro Portugal Corria o ano da graça de 1962 (já lá vai meio século). A Embaixada de Portugal em Washington recebe pela mala diplomática um cheque de 3 milhões de dólares (em termos actuais algo parecido com 50 milhões €) com instruções para o encaminhar ao State Department para pagamento da primeira tranche do empréstimo feito pelos EUA a Portugal, ao abrigo do Plano Marshall. Ler mais em: http://www.maislusitania.blogspot.pt/2013/01/salazar-e-os-actuais-politicos-pedintes.html O medo de Salazar… O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), dependente do Ministério da Justiça, decidiu não autorizar o rótulo «Memórias de Salazar» com que o Município de Santa Comba Dão pretendia comercializar algum vinho da região. Ler mais em: http://www.maislusitania.blogspot.pt/2012/12/o-medo-de-salazar.html Universidade católica ou caótica? Quem seguir relativamente de perto o que se passa na Universidade Católica Portuguesa não pode deixar de se interrogar sobre a sua natureza real no que toca ao cristianismo é à sua missão. Ler mais em: http://www.maislusitania.blogspot.pt/2013/01/universidade-catolica-ou-caotica.html O abortista e pro-invertidos Obama é o maior para a senhora professora da «católica» A senhora professora liberalóide da universidade caótica (dita Universidade Católica Portuguesa) Lívia Franco participou mais uma vez no programa da Sic Notícias Opinião Pública (22.1-2013). Com tanto tempo de antena, o Balsemão e seus assalariados lá sabem porquê. Ler mais em: http://www.maislusitania.blogspot.pt/2013/01/o-abortista-e-pro-invertidos-obama-e-o.html A lei de «identidade de género» e os limites da omnipotência do legislador (1) No momento em que escrevo [2010], está em discussão numa comissão da Assembleia da República o Projecto de Lei nº 319/XI, do Bloco de Esquerda, que «altera o Código de Registo Civil, permitindo a pessoas transexuais a mudança de registo do sexo no assento de nascimento»[1]. Ler mais em: http://www.maislusitania.blogspot.pt/2012/12/a-lei-de-identidade-de-genero-e-os.html As finanças do PCP e a sua morte anunciada A implosão da União Soviética veio criar aos partidos comunistas alinhados com Moscovo vários problemas. O mais óbvio problema foi o do desprestígio político adicional a que ficaram sujeitos com a desagregação do «paraíso» terreno que apregoavam. Mas a este juntou-se outro que foi corroendo os partidos moscovitas: o fim do financiamento das suas máquinas de organização e propaganda. Ler mais em: http://www.maislusitania.blogspot.pt/2013/01/as-financas-do-pcp-e-sua-morte-anunciada.html Os nossos historietadores e o chamado «homem novo» do Estado Novo No documentário gauchô da RTP2 sobre António Ferro (lá voltaremos no devido momento), os historietadores do regime da III República Irene Pimentel e Fernando Rosas, ambos da escola da historiografia marxista, criticam o Estado Novo e Ferro por este pretender fabricar um homem novo. Ler mais em: http://www.maislusitania.blogspot.pt/2012/12/os-nossos-historietadores-e-o-chamado.html A ditadura nazi dos invertidos Cristão poderá pagar multa de 50 mil dólares por não fazer bolo de «matrimónio» invertido Um pasteleiro cristão de Gresham, estado de Oregon (Estados Unidos), poderá pagar uma multa de 50 mil dólares por ter-se negado a preparar um bolo de casamento para um casal de lésbicas. Ler mais em: http://maislusitania.blogspot.pt/2013/02/a-ditadura-nazi-dos-invertidos.html Portugal - Tempo de Todos os Perigos Ler mais em: http://www.maislusitania.blogspot.pt/2012/11/portugal-tempo-de-todos-os-perigos.html A RTP, antro de corrupção da juventude e infância A PSP teve acesso a vídeos da RTP… A administração não deu autorização… Os desordeiros foram indevidamente identificados pela polícia… Que atentado à liberdade! Que chatice0! Isto já parece o fascismo, pá! Serão estes para os Portugueses os verdadeiros problemas da RTP nesta sociedade democratista? Ler mais em: http://www.maislusitania.blogspot.pt/2012/12/relatorio-direccao-da-confederacao_9.html Eslováquia resiste e não retira auréolas dos santos Cirilo e Metódio impressas nas moedas Resistindo à pressão da Comissão Europeia, o Banco Nacional da Eslováquia e a maioria da oposição, a Eslováquia votou para que se mantenha o desenho original da moeda comemorativa da evangelização da Grande Morávia pelos dois irmãos e santos Cirilo e Metódio, grandes evangelizadores e construtores da cultura dos países eslavos. Ler mais em: http://www.maislusitania.blogspot.pt/2012/12/eslovaquia-resiste-e-nao-retira.html
(*) Recebido por e-mail.
O alargamento dos prazos de pagamento de Portugal [e Irlanda] (re)negociados ontem na reunião do eurogrupo insere-se no princípio de igualdade de tratamento entre os diversos estados membros-como referiu há tempos atrás o presidente cessante do eurogrupo Jean-Claude Junker.
Alguns pormenores a ter em conta, em especial para os leigos que já ouviram o chavões reestruturação e/ou renegociação [da dívida]:
Bom, agora que já estamos prestes a regressar aos mercados talvez não fosse má ideia ponderar seriamente fazer um "corte de cabelo".
Portugal seria hoje um país bem diferente-para melhor- se em vez de Portugal se chamasse Bratugal e se tivesse deslocalizado, em tempos, a capital de Lisboa para Rio de Janeiro, cidade que fica aproximadamente à mesma longitude de Luanda e Joanesburgo. Tenho dito.
Os bancos ficam insolventes a partir do momento que deixam de ter a quem emprestar dinheiro. Um estado fica insolvente a partir do momento que deixa de ter dinheiro para pagar as suas dívidas.
É neste ciclo vicioso que nos encontramos desde a crise dos Subprimes (2006), onde houve uma insolvência de instituições de crédito nos Estados Unidos que concediam créditos associados a hipotecas de alto risco, arrastando vários bancos para uma situação de falência entre os quais o Lehman Brothers em Setembro 2008. Na semana passada, o banco Franco-Belga Dexia esteve quase a seguir as mesmas pisadas do Lehman Brothers.
Para fazer face à insolvência dos bancos, vários estados decidiram emprestar dinheiro aos bancos para estes emprestarem mais às pessoas em vez de emprestarem às pessoas para estas pagarem aos bancos. Teoricamente, esta solução adoptada de forma massiva na União Europeia teve o efeito perverso e porquê? Porque a saída da insolvência dos bancos passa essencialmente por encontrar pessoas que possam vir a emprestar dinheiro a outras pessoas, ou seja, cada credor funcionaria como um activo do banco. Desta forma cada pessoa teria a possibilidade de reduzir o seu endividamento e de se tornar num futuro credor, em vez de se ter aumentado o seu nível de endividamento do estado.
Mas um estado somos nós, que contribuímos com os nossos impostos, deveres e obrigações cívicas. E dado estarmo-nos a aproximar de um abismo onde nem bancos nem estado têm dinheiro para funcionar, vai ser preciso o nosso contributo cívico para se resolver o problema. E como podemos contribuir? Diria que de várias formas, entre as quais com a não fuga aos depósitos nos nossos bancos, mesmo que eles já não confiem em nós. Caso contrário, estes vir-se-ão obrigados a fechar, ficando com o pouco que ainda nos resta.
Costuma-se dizer que dinheiro apenas gera dinheiro. No entanto o conhecimento pode gerar para além de dinheiro, inovação e mais conhecimento. É em situações de crise em que os activos dos bancos escasseiam, que os activos das pessoas deverão ser usados como créditos: Estes activos são as nossas ideias e valores. Só elas permitirão o nosso estado e os nossos bancos saiam da insolvência.
Escrito em Outubro 2011. publicado aqui.
(continua...)
Imagem retirada daqui.
Suponhamos que somos gerentes de um estabelecimento comercial que tem uma dívida de 43800 euros aos vários fornecedores. Descontando as despesas que temos mensalmente com os nossos funcionários, assumamos que o lucro anual ronda os 36500 euros.
Como estamos empenhados em cumprir com os nossos compromissos, de forma a garantir que os nossos fornecedores nos continuem a fornecer, decidimos pagar parte da dívida anexada aos lucros diários, dando uma média de 100 euros de lucro/dia para abater aos 120 euros/dia em dívida. Isto é, a dívida que temos com os nossos fornecedores é cerca de 120% do lucro que produzimos, isto é, mesmo cumprindo com os fornecedores, ficamos com 7300 euros de dívida a juntar à dívida que vamos pagar durante o próximo ano.
Assumindo que no próximo ano, os nossos lucros se manterão constantes, teremos de abater uma dívida de 51100 euros (43800 deste ano + 7300 euros em dívida do ano transacto) face aos 36500 euros de lucro, teremos de pagar aos nossos fornecedores não 120 euros/dia mas 140 euros/dia. Em termos percentuais, a dívida que temos com os nossos fornecedores passará dos 120% para os 140%-40 euros/dia de dívida acumulada.
Para evitar esta espiral de dívida, uma solução que nós, gerentes, faríamos passaria ou por despedir pelo menos um funcionário, ou por reduzir o salário a todos os funcionários do estabelecimento.
E se agora tentássemos transladar a realidade deste [nosso] estabelecimento comercial para a realidade portuguesa, cuja dívida ronda os 120% da riqueza produzida a.k.a PIB? Funcionaria?
Pelos vistos não, pois esta tem sido a política a que os nossos credores nos obrigam desde que aterraram na Portela em Maio 2011.
(continua ...)
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O dinheiro entra por um lado, sai por outro, volta à casa e o Banif é salvo
Acrescento algumas observações à explicação lógica e sucinta de Maria Teixeira Alves em Corta-Fitas:
Em suma, é bom que o Banif "ajude" Portugal a regressar mercados já este ano. Aí sim, poderemos dizer que foi um bom negócio para o estado, que pode continuar a lucrar com as desgraças do Banif-até 2017 (?!)-, à medida que vai baixando a sua dívida pública.
A crise sistémica que os países desenvolvidos atravessam tem uma ordem de complexa muito superior ao que se estima. Não havendo um diagonóstico único que correlacione realidades macro com realidades micro, a perseguição desenfreada à propriedade privada e poupanças sob a forma de aumentos progressivos de impostos tem sido a opção vigente, que ao invés de defender o princípio da equidade, tem resultado em dupla injustiça com tendência a expropriação.
Embora a economia especulativa continue a florescer, ao ponto dos derivados financeiros a nível global, representarem actualmente um risco de incumprimento dez vezes superior ao PIB mundial, os governos optam pelo mais fácil-austeridade fiscal-que se resume à celebre alegoria do “homem do fraque”- uma espécie de fiscal bem vestido [de fraque] que acompanha o “devedor” na sombra, chamando-o à atenção na esperança que o perseguido, pague a dívida por vergonha.
Mais do que nunca, a desregulação dos mercados financeiros a nível global, têm representado uma ameaça urgente e potencialmente irreversível que pode conduzir a um retrocesso civilizacional, à semelhança do que aconteceu durante a idade média. Já várias vozes alertaram para este cenário, entre os quais Barack Obama, Alan Greenspan, Warren Buffet e Myron Scholes. Muito recentemente, vozes como as de George Soros tem demonstrado que o valor dos seguros de dívida por incumprimento a.k.a CDS (Credit Default Swaps) deixaram de cumprir os objectivos para que foram criados- i.e. o de quantificarem a “saúde financeira” das empresas e países, ao invés de geraram activos [financeiros] tóxicos que visam ao enriquecimento de bancos de investimento em situação de pré-faléncia.
Perante tal cenário de deriva colectiva, sem esperança, confiança e sentido de humanismo, só nos resta uma solução para tentar evitar o colapso eminente. Esta passa por equilibrar o lado racional com o lado emocional como forma de combater uma civilização tablóide emergente, orquestrada pelas trompetas dos mercados financeiros e das agências de rating.
Como diria Patrick Viveret ”razão instrumental sem inteligência emocional pode levar-nos facilmente a cometer a pior das barbaridades” (cf. Por uma sobriedade feliz, Quarteto 2012, 41).
Em tempos econômicos difíceis é importante garantir que a equidade fiscal deve efectuar-se pelo melhor. Há também a necessidade de moderação, seguindo o exemplo dos líderes. Por esta razão, os ministros cortar os salários dos seus próprios há um ano, a 5%. É bom que o Presidente da República, pelo exemplo de gestão associados a mesma cadeia de Niinisto, retornando o antecessor do seu Presidente Halonen, o nível do prémio. Espero que os líderes de negócios, seguindo o exemplo e reduzir seus salários. Creio, também, os membros dispostos a participar no trabalho. Em vez de gordura, não concordo com a geral. Finlândia não pode ter recursos para baixo- e rendimento médios salários.
Jutta Urpilainen, ministra das finanças Finlandesa (traduzido pelo Bing).
Para que conste para o debate político actual, que tanto cá como lá, o Orçamento de Estado para 2013 não é consensual. No entanto não deixa de ser curioso, ao contrário de cá, de ser o responsável da pasta das finanças a vir levantar a questão da equidade fiscal [nas redes sociais].
Camilo Lourenço. Du bist teil dieser charge von portugiesen, dass, indem er ein auge ist koenig denken. Aber nichts, aber eine perfekte idiot.
Unklar war? Oder sie muessen vom deutschen ins portugiesische uebersetzen, dass Merkel nicht beleidigen des Bundesverfassungsgerichts?
Agora que já soaram as 12 badaladas, e que estamos prestes a pedir os 12 habituais desejos, queria deixar aqui registado uma máxima para este ano, que agora se inicia:
"Não se sintam pressionados a elogiar nem cedam à tentação de simplesmente bajular e criticar. Tentem antes enveredar por aquilo que consideram ser boas acções, criem algo de inovador e empenhem-se naquilo que acreditam, para mais tarde serem reconhecidos e recordados."
NFaust, 31-12-2012.
Chegados ao final do ano civil, há que fazer um pequeno balanço sobre a crise do euro-só para não lhe chamar algo pior.
Findado que está este ano, penso que estaremos todos de acordo num ponto fulcral. Governantes e políticos, da direita à esquerda, comentadores e até economistas encartados, recorrem às decisões do tribunal constitucional para suportar ou para criticar as decisões fracturantes dos governos em exercício de funções. Foi assim em Portugal, quando o tribunal constitucional chumbou categoricamente a suspensão dos subsídios de férias; foi assim há dias quando o tribunal constitucional chumbou a taxação de impostos aos mais ricos. Na Alemanha, embora Merkel tenha sido no último ano implacável e irredutível na gestão da crise do euro, não ousou em desafiar o tribunal constitucional alemão. Aliás, só avançou para a criação do fundo de resgate a nível europeu a.k.a. FEEF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira) após a aprovação por parte do tribunal constitucional [alemão].
Embora a Europa viva actualmente um clima de aperto, onde os cidadãos europeus começam a reagir aos poucos, como um todo orgânico-ao ponto de se começarem a interessar vivamente pelo que estava a acontecer nos outros seus países-e embora 2012 tenha sido um ano marcado pela governação tecnocrática, as recentes eleições na europa provaram que a democracia, embora debilitada, ainda funciona. Foi assim na França, onde os franceses não perdoaram o facto de Sarko ter cedido aos caprichos de Merkel. Foi assim na Grécia, um país à beira da ingovernabilidade onde coabita um partido nazi em plena ascenção. E foi também assim em Itália, onde Monti-um verdadeiro tecnocrata no verdadeiro sentido da palavra- não conseguindo levar à avante a sua agenda política, acabou por se demitir, após a aprovação do orçamento de estado para 2013.
Deste ano de 2012 que amanhã finda às 12 badaladas, podemos extrair duas lições sucintas:
No próximo ano será Itália que fará a Europa mexer. Ninguém sabe ainda o que fazer, tendo na mira um eventual regresso de Berlusconi e tendo um Monti que, embora enfraquecido, persiste em levar avante uma agenda austera e reformista. A janela que o liberalismo entreabriu no século XIX para a fomentação da democracia através do exercício parlamentar pode, em pleno século XXI, voltar a fechar-se caso os juízes alinhados politicamente ou dissidentes, usem o tribunal constitucional como panteão da democracia.
Para felicidade de alguns mas para a infelicidade de outros, 2013 será seguramente o ano da democracia constitucional. Em Portugal, embora a justiça esteja aparentemente estabilizada, ainda não encontrou as respostas adequadas e céleres para responder à crise da democracia.
Realiza-se no dia 29 de dezembro, sábado, às 15h30, no auditório da Biblioteca Municipal da Nazaré, a apresentação do livro "O Julgamento – uma narrativa crítica da justiça", da autoria de Álvaro Laborinho Lúcio.
Na sinopse, o autor refere que o livro «é o produto de uma memória propositadamente não elaborada, sem trabalho de reconstituição, escorrendo em palavras a partir de uma mistura de lembranças e de esquecimentos, desprendida do rigor das provas, alheada dos documentos, dispensada de graves desígnios de certeza como fundamento de uma razão que se quer ver reconhecida. É uma memória... apenas memória! Como acontecia com as testemunhas que eu ouvi! Sem preocupações científicas, falando para gente comum, este livro de restos procura a justiça seguindo o trilho deixado pelas pegadas de muitos. Pelas minhas próprias pegadas. Nele encontro histórias. Revejo factos. Surpreendo pessoas. Releio ensaios. Confesso fracassos. Esqueço erros. Louvo e censuro. Num constante recomeço. Tudo na ilusão, apenas, da justiça.»
Álvaro Laborinho Lúcio. Nasceu a 1 de dezembro de 1941, na Nazaré. É Juiz Conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça. Desempenhou diversos cargos na hierarquia do Estado Português, entre os quais o de Ministro da Justiça, Ministro da República para a Região Autónoma dos Açores, Secretário de Estado da Administração Interna, Deputado à Assembleia da República, Procurador-Geral Adjunto, Delegado do Procurador-Geral da República, Diretor da Escola de Polícia Judiciária e Diretor do Centro de Estudos Judiciários.Laborinho Lúcio foi agraciado, em Espanha, com a Grã-Cruz da Ordem D. Raimundo Penaforte e, em Portugal, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo.
Fonte: Biblioteca Municipal da Nazaré.